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terça-feira, 14 de abril de 2015

por onde eu começo?

http://www.cebb.org.br/o-mahayana-e-os-aspectos-misticos/
imagem: www.cebb.com.br
Quando eu procurei o budismo fiquei um pouco confusa sobre como eu deveria começar a estudar, ou a praticar, ou mesmo a entender tanta coisa tão diferente. As orientações que eu recebia eram: "vai com paciência", "o aprendizado anda de forma circular" e "você entrará em contato com aquilo que você está pronta para receber".
E é isso mesmo! Por mais flutuante que tenha me parecido, é isso! A gente quer ter um caminho didático, perfeito, seguro, apenas para seguí-lo. E existe. Na verdade existem milhares! Mas cada pessoa é tão peculiar com a constelação de padrões, bloqueios tão próprios, visíveis, invisíveis e secretos que precisa procurar qual dos caminhos lhe pertence. A busca pelo "caminho mais adequado" é um tanto solta, mas tudo bem...

Primeira dica: procure um centro de estudos, ou um grupo de pessoas (sangha) que pratiquem o budismo, ou meditação. Porque é igual cursinho para vestibular: você pode procurar o material na internet e fazer muitos exercícios sozinho, mas é bem melhor fazer um cursinho, né? No caso do budismo o aspecto mais importante da sangha é que ajuda a pessoa a não desistir. Nós somos tão instáveis, às vezes queremos com todo nosso coração uma coisa, mas às vezes estamos com preguiça. Outra coisa boa é que as dúvidas mais básicas podem ser respondidas de forma rápida conversando com os integrantes.
A sangha que eu escolhi foi o CEBB (Centro de Estudos Budistas e Bodhisatas:  http://www.cebb.org.br/

Segunda dica: procure um mestre. Fica muito mais fácil de seguir um caminho. Existem muitos vieses do budismo: escola theravada e mahayana, pode ser tantrayana, vajrayana, o budismo segundo nichiren, ou zenbudismo, etc. Cada país também imprime certa particularidade à sua prática religiosa e por aí vai. O próprio mestre pode ser de uma linhagem entre tantas que existem... Enfim. Olhe um pouco e sinta o que ecoa dentro de si. Se você se identifica com um mestre o seu caminho fica muito mais claro, você finalmente encontra uma trilha limpa a percorrer. Mas para qualquer busca: seja paciente.
O mestre que eu escolhi é o Lama Padma Samten. Tem um canal no youtube com muitas palestras dele: https://www.youtube.com/user/lamapadmasamten

Terceira dica: "Faça o bem sempre que possível; se não puder fazer o bem, tente não fazer o mal." Dalai Lama

segunda-feira, 13 de abril de 2015

"EU" não existe!

    No caminho que venho trilhando, cheguei a uma conclusão básica: o problema do sofrimento está no Ego. Não porque eu tenha aprendido que ser egoísta é feio e ser boazinha me faz ser muito mais amada pelos outros... Na verdade enquanto estamos percebendo o mundo como alguém separado dele, não faz muita diferença se somos egoístas ou altruísas. 

    Os seres têm uma experiência no mundo orientada pelo sofrimento e de uma forma mais consciente ou menos consciente eles buscam ações para aliviar essa sensação. Geralmente essas ações não funcionam porque os levam a novas experiências de sofrimentos. Para nós seres humanos existe fortemente o Ego. Ele é o artifício que usamos para nos manter numa percepção de que existe um “eu” separado do “resto”. É uma percepção separatista entre “observador” e o “objeto observado”, entre a “pessoas que pensa” e o “mundo”. É uma visão dual. 

    Sendo assim o objetivo final do budismo será nada mais que uma mudança de percepção. Ele vai dar ferramentas para que consigamos nos perceber inseparados do mundo. Isso seria a liberação. Na verdade, só conseguimos atingir essa liberação se estivermos completamente desprovidos de ego, de sentimento de "EU".


    Bom, a conclusão final é que devemos sim ser mais altruístas e cada vez mais. Aliás usar todas as técnicas e ferramentas acessíveis para nos livrarmos do ego e do apego ao "eu". Para mim, o budismo tibetano é um baú cheio dessas ferramentas exclusivas que você pode escolher a forma, o tamanho ir trocando e exercitando de maneira bem completa! Até que você se acostume à percepão inseparável do mundo e isso passa a ser uma realidade, neste momento então, não precisaremos mais do baú, nem do budismo e muito menos do "EU" - que não existe.
  
Ilustração: Júlia Beck


sexta-feira, 30 de novembro de 2012

MENSAGEM DE NATAL BUDISTA

Cartão de Natal do Lama Samten

Muito interessante ver um líder de uma tradição religiosa comemorando o nascimento de um guia de outra religião. Para Dalai Lama e para o Lama Padma Samten, Jesus Cristo também foi um iluminado, um buda. E é muito lindo ver esse reconhecimento da unicidade, do comum que há entre as religiões.
A mensagem de Jesus Cristo está toda baseada no amor e na compaixão. As diferenças entre cristianismo e budismo  estão muito mais ligadas às pessoas que levaram e que construíram a religião em si do que propriamente ligadas à essência da mensagem de Cristo e de Buddha Sakyamuni.
Os povos e as tradições e mesmo as condições espirituais em que se encontravam, eram muito diferentes. As próprias expansões geográficas, como se deram...
Acho importante criar uma compreensão compassiva sobre as religiões, porque são a expressão da busca mais interior que um indivíduo tem possibilidade naquele momento. Buscar a unicidade das religiões de uma forma ecumênica, amorosa, compassiva, com certeza ajuda na promoção da espiritualidade.
Afinal: todos querem ardentemente o que eu quero, com a mesma intensidade.
Todos queremos ser felizes.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

"Para começar a meditar"


Meditação para iniciantes... e quem mais quiser. 

Aqui o Lama introduz a noção dos 5 elementos já na prática. Quando ele fala sobre o "brilho nos olhos" ele está falando sobre o elemento "éter".
Depois ele fala sobre a respiração, que é a expansão, ligada ao elemento "ar".
Então vem o "fogo", que esquenta o corpo.
A "água" quando ele volta na questão de liberar o corpo, ele diz: "corpo sem obstruções". É a flexibilidade da água.
Então vem a estabilidade, ligada ao elemento "terra"

Tem uma coisa muito importante na meditação que o Lama sempre diz: se você não conhece o mar e alguém te leva para ver o mar, você vai desfrutar da praia. Você vai experimentá-la. Ficar perguntando qual é a temperatura da água, qual é a sensação de estar lá dentro, ou se a areia agonia quando toca na pele não vai criar a verdadeira experiência dentro de nós.
Os conceitos que nos ligam ao mar e à areia verdadeiramente só existem à partir do momento em que nós vivemos o mar e a areia. Antes disso, é somente uma crença. Crença na palavra de quem falou.Ou imaginação.

Tenho um material extenso sobre meditação, mas vou deixar para um próximo post, para inspirar o pessoal a meditar sem pré-conceitos ou crenças. O mais interessante acho que é se observar enquanto o processo está acontecendo, é não ter expectativas. Sentar ali uma vez, duas vezes e observar aquela energia, sem ficar apegado a uma ideia de o que "deve acontecer na meditação", ou preso numa sensação que tenha tido numa experiência anterior. Nem sempre as seções serão iguais. Meditar, pelo menos de início, não tem grandes viagens. A maior viagem é ficar em silêncio por dentro.

Essa é outra dica. Não ficar reprimindo os pensamentos. Deixa eles surgirem, mas não dá atenção a eles. Pode até identificar: "ah, um supermercado", ok, então volta a atenção para a energia, a respiração, o calor, etc, não precisa pegar um carrinho entrar no supermercado e fazer as compras.

Tem muita gente que sente muita dificuldade em parar e fica ainda mais ansioso por não conseguir meditar. Ou então fica frustrado... Uma professora de meditação uma vez falou algo como: existem processos tão invisíveis, quem é que consegue fazer uma flor desabrochar com a mão?

Acho que com isso já dá para começar...